
Já por três vezes me referi, em post’s, aos “
Concursos com Imagem Digitalizada” ("
C.C.I.D."). Da última vez que o fiz, pedi aos meus colegas do Meta-blog do Ensino Superior, auxílio na detecção de tal carácter em concursos cujas áreas científicas não me eram nada afins.
As respostas não apareceram. Apenas
Luís Moutinho me disponibilizou o espaço do blog dele para publicitar os mesmos e, mais recentemente, “
eu” do blog
O Mundo publicitou o post. Obtive, quer em comentários dos post, quer por correio electrónico, comentadores que me apoiaram na “
demanda” e outros que criticaram o meu posicionamento por, confessadamente, acharem que poderiam ser, eventualmente e num futuro próximo, beneficiários deste tipo de concursos.
Comprometi-me a analisar os concursos. Um qualquer
bug no meu “
Acrobat Reader” bloqueia-me o computador sempre que fecho o ficheiro “
pdf” que abro para analisar os editais dos concursos. Ainda não o resolvi inteiramente. A actualização não ajudou.
Comecei pelos concursos para Professor-Adjunto do Ensino Superior Politécnico publicados no site do
SNESup entre 1 e 31 de Janeiro. Estou crente, pela análise que levei a cabo, que
todos são “
C.C.I.D.” já que
- via página dos docentes do ensino superior no
ministério (mas só com informação até 31/12/2003);
- via página da escola que publicitava o “
Curriculum Vitae” dos docentes e/ou as disciplinas que leccionavam;
- via “
google” por inserção de elementos curriculares e/ou profissionais de candidatos da "
casa"no campo de pesquisa
encontrei, com maior ou menor dificuldade, candidatos da “
internos” (da escola que abriu o concurso) que tinham os requisitos mínimos para concorrer ou, nalguns casos,
um só candidato.
Foram, então, os seguintes os concursos analisados:
1.
Escola Superior de Enfermagem da Madeira. Área: Ciências de Enfermagem - Comunicação em Saúde.
2.
Instituto Politécnico de Coimbra - Instituto Superior de Engenharia. Área: Engenharia Química (grupo de disciplinas de Processos de Separação e Engenharia das Reacções).
3.
Instituto Politécnico de Coimbra - Instituto Superior de Engenharia. Área: Engenharia Civil (grupo de disciplinas de Construções).
4.
Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo. Área: Ciências de Enfermagem.
5.
Instituto Politécnico de Lisboa - Escola Superior de Comunicação. Área: Design de Comunicação.
6.
Instituto Politécnico de Viana do Castelo - Escola Superior de Educação. Área: Matemática, Ciências e Tecnologia, disciplina de Física e Química.
7.
Instituto Politécnico de Viana do Castelo - Escola Superior de Educação. Área: Expressões Artísticas, disciplina de Técnicas Plásticas.
8.
Instituto Politécnico de Tomar - Escola Superior de Tecnologia de Abrantes. Área: Jornalismo.
9.
Instituto Politécnico de Viseu - Escola Superior de Enfermagem. Área: Enfermagem de Saúde materna e Obstétrica.
10.
Escola Superior de Enfermagem de São João. Área: Ciências de Enfermagem.
11.
Instituto Politécnico de Lisboa - Instituto Superior de Engenharia. Área: Matemática (no âmbito do grupo de disciplinas de Análise Numérica).
12.
Instituto Politécnico de Coimbra - Instituto Superior de Engenharia. Área: Física/Matemática, Secção de Matemática.
Depressa me apercebi do
óbvio. A semântica do edital facilitadora da vitória do candidato pensado na altura da abertura do concurso demonstra um grau de "
descaramento" diferenciado. Por tal, construí uma escala de “
graus de descaramento” ou "
graus de pormenor do edital" do concurso tendo como critérios o
grau e a natureza das habilitações pedidas/valorizadas/exigidas e o
grau de especificação da experiência profissional prévia pedida/valorizada/exigida. E
pontuei-os. Nesta última reside a grande
subjectividade da minha construção analítica.
Peço sugestões de melhoria aos meus colegas do “meta-blog” e leitores deste blog em geral no sentido de aperfeiçoar esta escala e os respectivos critérios.
Cá vai:
“C.C.I.D.” – Graus de pormenor da “Imagem” no edital do concurso
(só para concursos de “quadro”)
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Grau 1:
-
borderline de “
C.C.I.D.”: especifica um ou outro factor afunilador não impedindo que haja opositores fora da escola que abriu o concurso;
De “a” a “b” pontos;
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Grau 2:
- algumas indicações de “C.C.I.D.”: sobretudo pela natureza dos graus académicos e, no máximo, algumas preferências de experiência profissional; dúvidas se haverão candidatos elegíveis fora da escola que abriu o concurso;
De “c” a “d” pontos;
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Grau 3:
- razoáveis indicações de “C.C.I.D.”: especificações das naturezas dos graus académicos e experiência profissional limitam a candidatura a opositores fora da escola que abriu o concurso;
De “e” a “f” pontos;
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Grau 4:
- fortes indicações de “C.C.I.D.”: quer os graus académicos quer a experiência profissional são muito afuniladas/os para áreas específicas: exíguas possibilidades de concorrência por parte de candidatos de fora da escola que abriu o concurso;
De “g” a “h” pontos;
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Grau 5:
- indubitável e descarado“C.C.I.D.”: quer a natureza dos graus académicos, quer a experiência profissional valorizada/exigida, são muito especificadas ao pormenor. Presumivelmente só existe um/uma candidata/o possível em todo o país para a vaga publicitada: aquele/a para quem o concurso foi aberto tal é o perfil descriminado.
De “i” a “j” (máximo) pontos;
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Sistema de critérios:
I. Natureza da/do grau/formação científica:
(licenciatura mais mestrado ou licenciatura mais doutoramento)
ampla: só apontas as suas designações genéricas – 1 ponto;
semi-ampla: especifica a natureza de um dos graus numa especialização – 3 pontos;
rígida: especifica a natureza de ambos os graus em especializações – 6 pontos;
apocrifamente ampla: admite a possibilidade de candidatos só com licenciatura – 8 pontos;
II. Experiência profissional:
Designa genericamente experiência no ensino superior – 1 ponto;
Especifica experiência no ensino superior num dos subsistemas – 3 pontos;
Especifica experiência numa disciplina ou grupo disciplinar identificado – 4 pontos;
Especifica experiência numa escola afim de um dos subsistemas – 6 pontos;
Exige experiência profissional num dos subsistemas de ensino superior – 10 pontos;
(atributos somáveis quando não mutuamente exclusivos)