sábado, maio 01, 2004

Prevenção da fuga de "cérebros": a intervenção de três ministérios e a remodelação governamental (II)

Após ter o DN ter noticiado, recentemente que as bolsas para os investigadores "excelentes" estão só ao ao alcance de "génios seniores", isto é, que os critérios apresentados pela ministra da Ciência e Ensino Superior para conceder um complemento de estímulo à excelência estão apenas ao alcance de investigadores com cerca de 60 anos, à beira da reforma e pouco produtivos em termos científicos (opinião de Ana Cunha e Paulo Vieira, investigadores do prestigiado Instituto Pasteur em Paris), o MCES pediu a colaboração dos Ministérios do Trabalho e Segurança Social, da Administração Interna e ainda da Saúde para ajudar a encontrar os tais "cérebros".

Várias são as queixas que têm surgido de Lares da terceira idade, Centros de Dia e Sociedades Recreativas de aldeias pela inusitadas e por vezes violentas visitas a estas instituições na busca dos tais investigadores. "Eles entram por aqui, pedem curriculuns vitae's aos idosos e, quando estes não os dão são levados em prisão preventiva!". Diferente é a versão dos técnicos superiores do MTSS: "Temos certamente muita massa critica depositada nestas instituições. Não percebemos porque se escondem. Não percebemos porque insistem em esconder as imensas publicações que têm internacionalmente. Ainda ontém levamos um velhote que estava a ler o jornal. Muito nos admirariamos se não tivesse uns 200 ou 300 artigos publicados internacionalmente e ande a esconder o facto. Desilude-nos este espirito de desafiar o apoio à nação".

Simultaneamente, as equipas médicas dos hospitais Magalhães de Lemos e o Conde Ferreira mostraram-se surpreendidas com as visitas dos técnicos do MTSS. Declararam: "Nunca nos apercebemos que os indivíduos que cá tinhamos, que batiam com as cabeças nas paredes, refugiavam-se, durante semanas, num canto e babavam-se frequentemente, pudessem ser cérebros excelentes alienados disfarçados. Se os especialistas o dizem, quem somos para contrariar?".

Desaparecidos continuam alguns elementos das bandas filarmónicas de sociedades recreativas, principalmente da zona do Alentejo. Da Amareleja, confidencia-nos, Óscar Acúrcio, chefe da banda local: "Até que êu sêmpri disconfiei! O trompetêro era muito suspêto! Ele ia a Beja muitas vezes em segrêdo. Dizia que era hemo... hemo...filia. Eram crianças! Eram, sim senhôri! E aquelas revistas?! Êli era o Pais, Mães... nunca mi enganôi..."

Entretanto, por sua vez, o Ministério da Administração Interna tem, por via da colaboração activa dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras, fiscalizado como nunca a possível fuga de "cérebros". Todas as caixas, caixotes, malas, lancheiras, sacas, sacolas e sacoletas que passam pelos aeroportos portugueses têm sido cuidadosamente revistadas. "Todos os recipientes onde caiba um cérebro humano devem ser prescrutados. Sabemos que muita da fuga de cérebros processou-se assim. Com o nosso esforço tal irá extinguir-se muito brevemente", declarou, o Director do SEF em presença do Ministro do MAI.

Descontentes estão a Associação de Talhantes e Açougueiros de Portugal e a Junta dos Cortadores de Carne Lusos perante as suspeitas que impendem sobre eles. O Director da primeira já declarou: "Nós temos e regemo-nos por regras. Temos uma associação com estatutos próprios e aprovados. Já declaramos ao ministro e às autoridades compententes que o que eles encontraram no atarefado porto de Sines são mioleira de vaca e miúdos de frango. Não são cérebros de investigadores geniais. Nós garantimos". Pedem o regresso do ministro da agricultura do anterior governo para provar a gosma e, fundamentadamente, avaliar que se trata mesmo de mioleira de vaca. A Junta dos Cortadores de Carne Lusos afirmou: "Queremos estar à margem de qualquer polémica. Nada temos a ver com isso. Os nosso investigadores não sabem cortar a parte dos cérebros. Apenas teorizar sobre ela...".

Finalmente, o Ministério da Saúde, pela voz de Pinto da Costa, já garantiu que todos os cérebros de todos os séniores falecidos sobre quem recaia minimamente a suspeita de terem sido investigadores "excelentes" serão devidamente criogenizados de acordo com as mais modernas técnicas científicas.

Informação não confirmada por observadores assegura que já são cerca de 70 (entre 56 deputados e 14 elementos do governo) que se ofereceram para trocar os seus cérebros pelos então criogenizados. Durão Barroso, face a esta possibilidade declarou: "A acontecer, nunca se viu remodelação governamental que respeite tanto o critério da qualidade em detrimento da quantidade como essa será... até eu estou a considerar a troca de cérebro...".

O Ensino Superior agradece...