Saúde infantil e intoxicação antibiótica: what’s wrong with this picture?
EPISÓDIO 1: O meu filho de 20 meses Alexandre tem, como muitas outras crianças da idade dele, episódios de estados febris. Aqui há tempos teve um. Aconselham os pediatras que só deve ser motivo de preocupação se a temperatura, tirada via rectal, for igual ou superior a 38,5 graus. Naquele dia tinha e foi aumentando. Não fui a correr às urgências pediátricas do hospital. Um supositório Benuron e quando muito um Brufen poderão resolver o problema. Naquela dia não resolveram. Não fui a correr às urgências pediátricas do hospital. Desloquei-me ao Centro de Saúde de Cascais onde, aparte uns tempos (não muitos) de espera, sou sempre bem atendido.
EPISÓDIO 2: No Centro de Saúde, o exame médico do costume. O nosso médico de família, aparte o seu problema de dicção, é competente mas um bocado alarmista. É uma pessoa “pública”, “televisionável” já que é presidente da "Associação dos Médicos de Família". Examina o petiz. “Não sei… pode ser isto… era bom excluir aquilo…”. Receita dois antibióticos. “Leves”, diz ele. E, preocupado, redige uma missiva para o miúdo ter prioridade de atendimento nas urgências pediátricas do Hospital de Cascais. Não tenho grande razão de queixa das urgências pediátricas do Hospital de Cascais. Nunca se espera muito e o pessoal, não sendo muito simpático, é relativamente prestável…
EPISÓDIO 3: As pediatras querem um exame à urina. E o raio do pimpolho não tem vontade. Digo-lhes que já estive horas naquele mesmo serviço não para esperar para ser atendido mas pela inusitada aridez bexigal do rapaz. Lá acedem a molhar o baixo ventre do miúdo com um bocadinho de éter mas dizem-me para “não dizer lá fora” que fazem/permitem ou aconselham tal coisa… e então o miúdo jorra o ansiado liquido. Espera-se pouco pelos resultados da análise. Diagnóstico: “pode ser… os valores estão na fronteira… é melhor ser prudente…”. E pumba! Lá tem o Alexandre que ir ao Hospital D. Estefânia para uma consulta de nefrologia. Mas antes leva uma receita de… mais dois antibióticos… nada demais. Só à guisa de prudência…
EPISÓDIO 4: no Hospital D. Estefânia em Lisboa nunca senti que esperei muito para ser atendido: entre 30 e 45 minutos se tanto, apesar das várias dezenas de crianças na sala de espera. Encaminhado para uma estagiária que faz o historial clínico da criança, lá somos atendidos pela especialista em nefrologia. Demorada conversa, com cenários de saúde possíveis, os piores e os melhores.
Marca-se uma análise (comparticipada) complicada (“cintigrafia renal”) e ouve-se a especialista: “Mas o que é isto??!! O miúdo pode estar muito bem intoxicado por este antibióticos todos! Mas como é possível?? Ó «pai»?! Como permitiu isto??”
“Mas eu… eu… eu…”, balbucio. E eu sou olhado como um pai ingénuo e despreocupado que deixa que o seu próprio descendente seja cliente privilegiado da avidez das multinacionais farmacêuticas…
What´s wrong with this picture? ;-[
5 Comments:
Como eu te entendo, Paulo. Um abraço.
Como achas tu que essas empresas farmacêuticas sobrevivem? :(
David
Está tão giro o teu miúdo :) Não o envenenes, pá! :(
Tina
Sim, o rapaz é bonito, simpático e vê-se que é inteligente.
Felizmente, não saiu ao pai. :-D
Jorge? Escolhe as armas! Leva um padrinho. Às 18.00 horas atrás da abadia! =[
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