terça-feira, fevereiro 15, 2005

Concursos com imagem Digitalizada “C.C.I.D.” (IV): Proposta de Análise

Já por três vezes me referi, em post’s, aos “Concursos com Imagem Digitalizada” ("C.C.I.D."). Da última vez que o fiz, pedi aos meus colegas do Meta-blog do Ensino Superior, auxílio na detecção de tal carácter em concursos cujas áreas científicas não me eram nada afins. As respostas não apareceram. Apenas Luís Moutinho me disponibilizou o espaço do blog dele para publicitar os mesmos e, mais recentemente, “eu” do blog O Mundo publicitou o post. Obtive, quer em comentários dos post, quer por correio electrónico, comentadores que me apoiaram na “demanda” e outros que criticaram o meu posicionamento por, confessadamente, acharem que poderiam ser, eventualmente e num futuro próximo, beneficiários deste tipo de concursos.

Comprometi-me a analisar os concursos. Um qualquer bug no meu “Acrobat Reader” bloqueia-me o computador sempre que fecho o ficheiro “pdf” que abro para analisar os editais dos concursos. Ainda não o resolvi inteiramente. A actualização não ajudou.

Comecei pelos concursos para Professor-Adjunto do Ensino Superior Politécnico publicados no site do SNESup entre 1 e 31 de Janeiro. Estou crente, pela análise que levei a cabo, que todos são “C.C.I.D.” já que
- via página dos docentes do ensino superior no ministério (mas só com informação até 31/12/2003);
- via página da escola que publicitava o “Curriculum Vitae” dos docentes e/ou as disciplinas que leccionavam;
- via “google” por inserção de elementos curriculares e/ou profissionais de candidatos da "casa"no campo de pesquisa

encontrei, com maior ou menor dificuldade, candidatos da “internos” (da escola que abriu o concurso) que tinham os requisitos mínimos para concorrer ou, nalguns casos, um só candidato.

Foram, então, os seguintes os concursos analisados:
1. Escola Superior de Enfermagem da Madeira. Área: Ciências de Enfermagem - Comunicação em Saúde.
2. Instituto Politécnico de Coimbra - Instituto Superior de Engenharia. Área: Engenharia Química (grupo de disciplinas de Processos de Separação e Engenharia das Reacções).
3. Instituto Politécnico de Coimbra - Instituto Superior de Engenharia. Área: Engenharia Civil (grupo de disciplinas de Construções).
4. Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo. Área: Ciências de Enfermagem.
5. Instituto Politécnico de Lisboa - Escola Superior de Comunicação. Área: Design de Comunicação.
6. Instituto Politécnico de Viana do Castelo - Escola Superior de Educação. Área: Matemática, Ciências e Tecnologia, disciplina de Física e Química.
7. Instituto Politécnico de Viana do Castelo - Escola Superior de Educação. Área: Expressões Artísticas, disciplina de Técnicas Plásticas.
8. Instituto Politécnico de Tomar - Escola Superior de Tecnologia de Abrantes. Área: Jornalismo.
9. Instituto Politécnico de Viseu - Escola Superior de Enfermagem. Área: Enfermagem de Saúde materna e Obstétrica.
10. Escola Superior de Enfermagem de São João. Área: Ciências de Enfermagem.
11. Instituto Politécnico de Lisboa - Instituto Superior de Engenharia. Área: Matemática (no âmbito do grupo de disciplinas de Análise Numérica).
12. Instituto Politécnico de Coimbra - Instituto Superior de Engenharia. Área: Física/Matemática, Secção de Matemática.

Depressa me apercebi do óbvio. A semântica do edital facilitadora da vitória do candidato pensado na altura da abertura do concurso demonstra um grau de "descaramento" diferenciado. Por tal, construí uma escala de “graus de descaramento” ou "graus de pormenor do edital" do concurso tendo como critérios o grau e a natureza das habilitações pedidas/valorizadas/exigidas e o grau de especificação da experiência profissional prévia pedida/valorizada/exigida. E pontuei-os. Nesta última reside a grande subjectividade da minha construção analítica. Peço sugestões de melhoria aos meus colegas do “meta-blog” e leitores deste blog em geral no sentido de aperfeiçoar esta escala e os respectivos critérios.

Cá vai:
C.C.I.D.” – Graus de pormenor da “Imagem” no edital do concurso
(só para concursos de “quadro”)
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Grau 1:
- borderline de “C.C.I.D.”: especifica um ou outro factor afunilador não impedindo que haja opositores fora da escola que abriu o concurso;
De “a” a “b” pontos;
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Grau 2:
- algumas indicações de “C.C.I.D.”: sobretudo pela natureza dos graus académicos e, no máximo, algumas preferências de experiência profissional; dúvidas se haverão candidatos elegíveis fora da escola que abriu o concurso;
De “c” a “d” pontos;
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Grau 3:
- razoáveis indicações de “C.C.I.D.”: especificações das naturezas dos graus académicos e experiência profissional limitam a candidatura a opositores fora da escola que abriu o concurso;
De “e” a “f” pontos;
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Grau 4:
- fortes indicações de “C.C.I.D.”: quer os graus académicos quer a experiência profissional são muito afuniladas/os para áreas específicas: exíguas possibilidades de concorrência por parte de candidatos de fora da escola que abriu o concurso;
De “g” a “h” pontos;
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Grau 5:
- indubitável e descaradoC.C.I.D.”: quer a natureza dos graus académicos, quer a experiência profissional valorizada/exigida, são muito especificadas ao pormenor. Presumivelmente só existe um/uma candidata/o possível em todo o país para a vaga publicitada: aquele/a para quem o concurso foi aberto tal é o perfil descriminado.
De “i” a “j” (máximo) pontos;
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Sistema de critérios:
I. Natureza da/do grau/formação científica:
(licenciatura mais mestrado ou licenciatura mais doutoramento)
ampla: só apontas as suas designações genéricas – 1 ponto;
semi-ampla: especifica a natureza de um dos graus numa especialização – 3 pontos;
rígida: especifica a natureza de ambos os graus em especializações – 6 pontos;
apocrifamente ampla: admite a possibilidade de candidatos só com licenciatura – 8 pontos;

II. Experiência profissional:
Designa genericamente experiência no ensino superior – 1 ponto;
Especifica experiência no ensino superior num dos subsistemas – 3 pontos;
Especifica experiência numa disciplina ou grupo disciplinar identificado – 4 pontos;
Especifica experiência numa escola afim de um dos subsistemas – 6 pontos;
Exige experiência profissional num dos subsistemas de ensino superior – 10 pontos;
(atributos somáveis quando não mutuamente exclusivos)

7 Comments:

Blogger Luis Moutinho said...

E quanto pontuaram, em teu entender, os 12 concursos analisados?
Convenço-me que é o ECPDESP (e o ECDU) que empurra para esta soluçãoi "digital" ao impedir a progressão, obrigando a que só ocorra por concurso. O sistema é de tal modo anti-natural, ou gerador de tão infinita instabilidade, que a resposta dada foi radicalmente oposta, i.e., subverter totalmente o sistema.
O pior é que atrás disso vem uma inimputabilidade e uma cultura do favor e da troca de influências que destróiem a confiança no sistema.

fevereiro 15, 2005 11:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Gosto da escala mas não percebo bem a distribuição dos pontos.
David

fevereiro 16, 2005 2:30 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ou me engano muito ou vais encontrar muitos graus 4 e 5. Como alguém disse, um dia destes aparece uma cabeça de cavalo ensanguentada na tua cama :)
Nelson

fevereiro 16, 2005 7:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

É um esforço meritório. Apoio a tua ideia. Vai em frente!
A.T.

fevereiro 17, 2005 10:44 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Quando vais dar os pontos aos concursos que mencionas?

fevereiro 18, 2005 10:30 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

E os pontos aos concursos??
David

fevereiro 18, 2005 11:31 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

"Anonymous said...
Ou me engano muito ou vais... graus 4 e 5. Como alguém disse, um dia destes aparece uma cavalo.. tua cama :)
Nelson"

_____-

O kestão, mesmo, pena, é que são, sempre, os seres iluminados a descobrir o que, na razão deles, está certo; logo, devia ser errado para os constantes.
A contraditória, felizmente, também é verdadeira: Mesmo a contra gosto. E Cavalos à parte, vive apenas o que deve, e bifes, cada um, sabe qual o seu melhor.

abril 18, 2005 1:57 da tarde  

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