Investigação &... Desenvolvimento??
Anónimo que se identifica como “X” refere, num comentário que ele próprio classifica de “perfunctório” (se entretanto foi ao dicionário ver o signicado do termo nem sabe quanta razão tem…), a um post meu: «Ciências (?) da Educação ?...ciências(?). Qual é a necessidade que têm áreas de conhecimento, tão longínquas do método científico, de se auto intitularem "ciências", como também as "ciências das religiões"» (post de 12/12/04 “Uma transubstanciação sinalagmática, embora perfunctória…”) . Julgo que o/a ínvio/a será adepto/a da “exclusividade do rigor” nas “Ciências Exactas” e da “carácter especulativo” de todas as outras.
Recorda-me as alusões que eu faço nas minhas aulas de investigação em educação ou em ciências sociais e humana sobre o “Prémio IgNobel” a propósito da “utilidade/pertinência” da ciência e assuntos relacionados. Criado em 1991 por estudantes da Universidade de Harvard em Boston (EUA), como uma versão… cómica do Prémio Nobel, o “Prémio IgNobel” é concedido a autores de investigações tidas como excêntricas, inúteis, improváveis, etc.. Há quem afirme que a existência do prémio ajuda a derrubar a ideia de que os cientistas são pessoas demasiado sérias, anti-sociais e inatingíveis ou que o prémio pode atrair jovens para a ciência… humm…
Ocorre que os prémios “ignóbil” são atribuídos justamente às ditas “Ciência Exactas”. Recordo-me dos dois únicos exemplos que fixei. Ei-los, transformados na forma de perguntas:
Bioquímica:
- qual o padrão que tomam as bolhas de gás da cerveja de pressão no copo na sua trajectória ascendente?
(consta que o investigador, tendo pena de estragar as cervejas, as bebia ele próprio pelo que podem contestar a investigação se quiserem...);
Psicologia:
- qual o efeito que os flatulentos têm sobre as pessoas que lhe estão próximas quando aqueles flatulentos… humm… flatulam?
(consta que o investigador teve de tomar muitos… medicamentos)
E uma pesquisa à net deu ainda, também na forma de perguntas:
Física:
- porque é que as cortinas da banheira tendem a dobrar-se para dentro?
- qual é a melhor maneira de molhar um biscoito?
- porque cai a torrada sempre com o lado da manteiga para baixo?
Astrofísica:
- os buracos negros preenchem as condições para serem caracterizados como a localização do inferno?
Medicina:
- porque é que coçar o nariz é uma actividade comum entre os adolescentes?
- porque é que quem acha que tem chulé tem, e quem acha que não tem, não tem?
- porque tiram os adolescentes catotas do nariz?
Química:
- porque é que uma estátua de bronze da cidade de Kanazawa é a única que não atrai pombos? (investigação demorou 7 anos)
- bioquimicamente, o amor por ser indistinguível de uma desordem psiquiátrica obsessiva-compulsiva?
Entomologia:
- qual o efeito dos parasitas dos felinos no corpo humano (utilizando o investigador o seu próprio corpo)?
Metereologia:
- qual a relação entre os terramotos e o abanar da cauda dos peixes?
Biologia:
- qual o efeito do anti-depressivo prozac em moluscos?
Matemática:
- qual a possibilidade de o ex-presidente da União Soviética Mikhail Gorbachov ser o Anticristo? (8.606.091.751.882 para 1).
E muitos, muitos outros. Veja aqui e aqui. Ah! Se não fossem as “Ciências Exactas”! Elementar, meu caro ínvio, elementar...
ADENDA: Uma das investgações que não aludi refere-se à desenvolvida por Willibrord Weijmar Schultz, Pek van Andel, and Eduard Mooyaart de Groningen e Ida Sabelis de Amsterdão, Holanda, com Prémio atribuído por imagens de ressonância magnética dos orgãos genitais femininos e masculinos durante o coito e estimulação sexual feminina.
Colega da blogosfera ("PJ") envia-me estes hilariantes diálogos reproduzindo uma eventual rotina de candidatura dos voluntários para a experiência:
«- Olá. Ainda bem que respondeu ao nosso anúncio. Bem... nós estamos a recrutar voluntários para...como dizer...talvez aqui o Eduard possa explicar melhor.
- Porquê eu Schultz? Tens sempre a mania de pores os outros a fazer o trabalho por ti, não é?
- Eu é que arranjei o laboratório para fazer a experiência. E sabes bem o trabalho que me deu...
- Desculpe o meu colega. Eu chamo-me Pek van Andel. Nós pretendemos fazer um estudo sobre …bem …pretendemos fazer ressonâncias magnéticas.
- Ressonâncias magnéticas? Hmm…interessante. Já fiz uma em tempos. O médico queria estudar melhor uma sombra que aparecia numa radiografia. Descobriu-se que era um quisto.
- Um quisto? E não lhe doeu nada pois não?
- Nada! Se bem que o ruído era um pouco incomodativo e o espaço apertado.
- Como vê, já tem experiência da ressonância magnética. Óptimo!
- E esta ressonância magnética é a quê?
- Bem – disse Pek – é à…à…à parte inferior do corpo. Sabe-se muito pouco sobre a parte inferior do corpo. Nem queira saber os estudos que se fazem sobre …sobre, por exemplo, as pernas e os intestinos.
-As pernas? Julgava que já sabia tudo sobre as pernas. Mas está bem. Querem tirar uma ressonância magnética às minhas pernas é isso?
- Bem…não só…
[Silêncio]
- Ingrid, obrigado por ter respondido ao nosso anúncio. O meu nome é Ida Sabelis. Os meus colegas talvez não estejam a ser muito específicos. Eu vou procurar ser um pouco mais precisa. Pretendemos realizar ressonâncias magnéticas a mulheres que se masturbam ou que se encontram a ter relações sexuais. Estaria por acaso interessada em participar na nossa experiência?
- Ter sexo ao mesmo tempo que me fazem uma ressonância magnética?
- Sim! - Huao! Cool! Porque é que não disseram logo! Como é bom participar nos progressos da ciência…Quando é posso aparecer?»
12 Comments:
"The images obtained showed that during intercourse in the "missionary position" the penis has the shape of a boomerang". Um boomerang?? Já viram bem um boomerang? Esta é a descoberta do século. Vivam os Ignobel!
PJ
Humm... tem uma certa lógica a forma de bumerangue (termo em versão brasileira). Os boomerangs não... hum... vão e regressam? Pois, esse... bumerangue... tem um... itinerário semelhante...
Ai que comentário tão foleiro... despertaram o pior em mim! A parte do comentário não a varte do "vão e regressam". De novo foleirada?? É melhor ficar por aqui... ;-D
Depois de ler aquele pedaço de prosa receio não conseguir nunca mais olhar para a minha anatomia íntima sem recordar um "boomerang". Este IgNobel mudou a minha vida.
PJ
Está a falar do Prémio IgNobel da Medicina
Willibrord Weijmar Schultz, Pek van Andel, and Eduard Mooyaart de Groningen e Ida Sabelis de Amsterdão, Holanda, Prémio atribuído por imagens de ressonância magnética dos orgãos genitais femininos e masculinos durante o coito e estimulação sexual feminina, não é?
Ainda assim, estranho um bocado. Esse pedaço de anatomia...erigido... tem uma certa... dureza... que, ainda assim, toma a forma de boomerang? É caso para dizer que é o homem que se enforma pela mulher e não o oposto... feministas?? Onde estão??!!
Como é que se arranjam voluntários para participar em experiências destas? Põe-se um anúncio no jornal ou num expositor de uma faculdade onde funciona o centro de investigação? Descreve-se tudo em pormenor logo no cartaz ou deixa-se isso para uma conversa pessoal realizada mais tarde? Imagino a conversa:
- Olá. Ainda bem que respondeu ao nosso anúncio. Bem... nós estamos a recrutar voluntários para...como dizer...talvez aqui o Eduard possa explicar melhor.
- Porquê eu Schultz? Tens sempre a mania de pores os outros a fazer o trabalho por ti, não é?
- Eu é que arranjei o laboratório para fazer a experiência. E sabes bem o trabalho que me deu...
- Desculpe o meu colega. Eu chamo-me Pek van Andel. Nós pretendemos fazer um estudo sobre …bem …pretendemos fazer ressonâncias magnéticas.
- Ressonâncias magnéticas? Hmm…interessante. Já fiz uma em tempos. O médico queria estudar melhor uma sombra que aparecia numa radiografia. Descobriu-se que era um quisto.
- Um quisto? E não lhe doeu nada pois não?
- Nada! Se bem que o ruído era um pouco incomodativo e o espaço apertado.
- Como vê já tem experiência da ressonância magnética. Óptimo!
- E esta ressonância magnética é a quê?
- Bem – disse Pek – é à…à…à parte inferior do corpo. Sabe-se muito pouco sobre a parte inferior do corpo. Nem queira saber os estudos que se fazem sobre …sobre, por exemplo, as pernas e os intestinos.
-As pernas? Julgava que já sabia tudo sobre as pernas. Mas está bem. Querem tirar uma ressonância magnética às minhas pernas é isso?
- Bem…não só…
Silêncio.
- Ingrid, obrigado por ter respondido ao nosso anúncio. O meu nome é Ida Sabelis. Os meus colegas talvez não estejam a ser muito específicos. Eu vou procurar ser um pouco mais precisa. Pretendemos realizar ressonâncias magnéticas a mulheres que se masturbam ou que se encontram a ter relações sexuais. Estaria por acaso interessada em participar na nossa experiência?
- Ter sexo ao mesmo tempo que me fazem uma ressonância magnética?
- Sim!
- Huao! Cool! Porque é que não disseram logo! Como é bom participar nos progressos da ciência…Quando é posso aparecer?
PJ
:-) :-) :-) :-) :-) :-) :-) :-) :-) :-) :-) :-) :-) :-)
Hilariante! Por favor! Deixe-me colocar isso num post... E, se deixar, diga-me o que significa "PJ". Eu também sou "PJ" de "Paulo Jorge"....
Tenho uma muita engraçada para logo à noite (à meia-noite e 5). Só se descobre na última linha a lógica da história. Inventei-a hoje com base num facto real.
Grande abraço
P.L.
Tudo bem quanto ao post. Se achares bem. Quanto ao PJ bem...assino sempre PJ na blogosfera. Mas diria que a tua dedução revela perspicácia...
PJ
Sim, já reparei que assina com tal. Mas tem um blog? Se sim, qual?
Não tenho nenhum blog. Sou como a DK, um parasita de blogs. Costumo picar ponto no Professorices, Fio de Ariana, 1poucomaisdeazul,Nas fronteiras da dúvida e uns tantos mais.
PJ
Ah, ok. Mas "parasita" parece uma bocado forte. Os parasitas vivem à custa dos "parasitados". Não me parece ser o caso aqui ;-|
Ao que isto chegou...
Paulo Lopes,
Ainda não percebeste de que é que PJ é abreviatura e por que é que anda sempre por estes blogues em particular?
Valha-me Deus! Sou ingénuo... fazer o quê?... não sei não... enlighten me, please... ;-(
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