segunda-feira, dezembro 29, 2003

Humanização das mensagens de erro

Todos nós sabemos que os computadores bloqueiam por razões que, francamente, desconhecemos. Já o ouvi de supostos ou reais técnicos de informática. Todos sabemos que, na maior parte dos casos, a solução mais usada e fácil por excelência é teclar simultaneamente o CTRL + ALT +DEL e/ou reiniciar a máquina. Antes disso, porém, surge-nos ou o ecran imobilizado na janela onde estava ou o ambiente de trabalho em igual estado. Teclas e suas funções não funcionam a não ser as supra-citadas.

Tenho reparado que algumas das mensagens de erro não são propriamente neutras em termos dos "cânones" humanos. É claro: foram idealizadas por um programador que as redigiu ou traduziu. Duas merecem-me particular atenção. A primeira: "Você utilizou uma operação ilegal e o seu computador irá ser encerrado" ou parecido parece sugerir que transgredimos uma lei pelo estigmatizante termo "ilegal". Como que se alguém, um qualquer "Bigbrother" de meia tijela, estivesse a espiar-nos e desse pela coisa e enviasse tal transmissão. A sansão é quase sempre imediada: "desligamos-lhe a máquina para o educar e você não repetir tais afrontas!"

A segunda mensagem aparece-me quando tento ligar o scanner sem, por esquecimento, ter feito a ligação do cabo USB. A mensagem é muito menos violenta: "Você provavelmente tem um scanner ligado. O computador é que não consegue detecta-lo" ou afim. Boa! "Ele" parte do generoso princípio de que a culpa não é minha que é do PC, que há alguma coisa, e seja ela qual for, cuja responsabilidade não me pode ser imputada. E que esta ocorre algures no hard ou software do aparelho. Gostei. Porque não fazem assim todas as mensagens? Deixavam de nos fazer parecer como informático-néscios ou "bois a olhar para computadores". Imagine que apareciam mensagens do tipo:
- "você redige mesmo bem mas a palavra sublinhada a vermelho não consta no meu repertório. Provavelmente sou eu que sou iletrado mas se puder confirmar";

- "Eu tentei enviar a sua mensagem mas não consegui. Você fez tudo bem. Aliás, faz sempre tudo bem. A culpa só pode ser minha ou do destinatário do seu e-mail que não merece que você lhe mande correspondência ao comportar-se desse modo";

- "A password que você digitou deve estar certa. O estúpido do meu programa é que não se lembra dela e, por isso, não o deixa entrar. Não terá outra para experimentar?";

- "Você já tem um anti-virús que é espectacular. O melhor que se pode ter! Nem devia precisar de outro. Nós é que somos limitados em detecção de novos virús e esquecemo-nos de alguns. Importa-se de actualiza-lo?";

- "As suas ideias para tratar esta imagem são de uma imaginação e criatividade fora do comum. Sou, de facto, sortudo em ser um programa da sua propriedade. Mas infelizmente as multinacionais ávidas de lucro já fizeram programas ligeiramente melhores do que eu mas que nem sequer chegam, no que toca ao engnenho, aos seus pés. Importa-se de, na medida do possível, adquiri-los?";

- "Bom dia, dono do meu coração, satisfação da minha alma. Acabou de me ligar. Está pronto para me dar o previlégio de premir as minhas teclas e accionar os meus programas? Você é a alegria da minha existência (e, por favor, não ligue ao clip estúpido que aparece na ajuda do Word. Ele só quer irritar-me...)"

Era bom, era... Ó! Ó!