Os actuais alunos não sabem nada? O "saber geracional válido"

Mas dizia eu, há um saber considerado válido para cada geração. Ainda há pouco o meu ex-instrutor de condução, recitando alguns versos dos seu velho livro de leitura da quarta classe, se insurgia contra o facto de nenhum aluno actualmente os saber. Foi secundado por outros velhotes presentes. Conotando-me como um especialista em educação, perguntaram a minha opinião. Olhei para eles: esperavam a minha "douta" resposta. Espetei-lhes num linguajar que considerei adequado ao vocabulário deles, esta minha teoria do saber geracional válido. Esperavam, constatei-o, que lhes desse toda a razão do mundo. Perdi o meu estatuto de especialista em educação quando a resposta não lhes agradou. Helas!
A verdade é que cada geração considera como válido e fundamental o saber que adquiriu, apelidando os saberes escolares ulteriores de inúteis ou desadequados. O meu progenitor gabava-se, amiúde, de saber de cor todas os rios, afluentes e linhas de caminhos de ferro de Portugal. Ignorando os meus avisos de que a maior parte das linhas de comboio que, acriticamente decorou, estavam desactivadas, não sabia interpretar o horário dos comboios na estação de caminho de ferro: nunca lhe haviam ensinado. Qual dos dois seria o saber mais pertinente, mais "válido"? O meu ex-instrutor de condução, face às minhas considerações sobre o uso da informática e comunicações a distância por pessoas mais idosas, perorava sobre a inutilidade de alguém da sua geração saber tal coisa. Não dizia mas pensava como algumas das minhas alunas dos cursos de complementos de formação e a auxiliar de acção educativa da minha escola: "burro velho não aprende". E, de facto, parece que alguns não...
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