quarta-feira, março 03, 2004

Avantesma, alimária e tudo o mais até à letra Z

O recente comportamento daquele indecoroso senhor que está à frente da Câmara Municipal do Marco de Canaveses e a tradição a que ele nos tem habituado revela-nos que qualquer burgesso, com algum apoio e algum dinheiro pode ocupar um lugar de relevo em cargos dirigentes centrais, regionais ou locais no nosso país. Como ele há muitos, embora menos espalhafatosos. Veja-se o presidente do governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, a ex-presidenta da Câmara Municipal de Felgueiras, Fátima Felgueiras, e a secretária de Estado da Educação, Mariana Cascais. Junto da avantesma do Marco de Canaveses, a expectativa quando se ouve estas personagens é que saia asneira com alto grau de certeza. Em Portugal é assim: em alguns circuítos há o "quero, posso e mando" e quem contraria esta política e esta filosofia está sujeito a retaliações da mais variada espécie. Também os temos na direcção de Universidades e Institutos Politécnicos. Eles decidem quem tem emprego, renovação e/ou promoção do mesmo, eles decidem quem tem quais e quantos subsidios, eles decidem quais as benesses que os seus correlegionários irão auferir. Por vezes rodeiam-se de "jagunços" modernos que dão voz às suas "exigências" e preferências.

Em Itália, não obstante, encontramos o expoente máximo desta "selecção natural": Silvio Berlusconi vem-nos provar que as alimárias já ocupam o cargo de primeiro-ministro.

No caso do Marco de Canaveses, o Sr. Ferreira Torres domina a seu bel-prazer o concelho. Enriquece-se à custa de negócios obscuros entre a Câmara a que preside e algumas empresas imobiliárias que são suas mas em nome de parentes próximos. A alimária nem sequer se esforça para esconder os seus imóveis chamando, inclusive, a comunicação social para mostrar os seus pequenos impérios imobiliários. Porventura poderão ter acabado as possibilidades de expansão imobiliária à custa dos negócios camarários ou estarão perto disso. Daí que o "todo-poderoso" esteja a pensar em migrar para a Câmara de Amarante para lá, ainda relativamente desbravada em termos de imóveis virgens, poder expandir o seu império. Os amarantinos, espero, saberão, na altura, ser inteligentes para evitar tal contaminação. A avantesma também parece estar imune à justiça: os processos e queixas acumulam-se e o senhor ri-se dos mesmos. E se algum dia a justiça se lembar de o condenar, não lhe faltarão recursos para emigrar para um país qualquer onde a extradição não seja possível.

Porém tenho esperança: Abilio Curto acabou, depois de ter esgotado os recursos possíveis, por ser condenado e a prisão, se já não aconteceu, estará na iminência. Ferreira Torres não poderá safar-se indefenidamente...

Ad perpetuam rei memoriam